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A Arte da Caligrafia Árabe

  • Claudinha Rahme - GazetadeBeirute
  • 10 de nov. de 2015
  • 3 min de leitura

A caligrafia árabe vai além de uma manifestação humana através da escrita, ela é uma manifestação da sagrada arte islâmica no Oriente Médio e também no Norte Africano, por representar o tesouro de todos os muçulmanos, revelados através do Alcorão, e refletir o espírito de toda a civilização árabe-islâmica. Capaz de resplandecer a delicada beleza das letras árabes, a caligrafia também se transformou em símbolo de adorno, muito utilizado nas mesquitas, palácios, residências, museus e outros lugares do mundo árabe.

Os caracteres árabes fazem parte da arte do arabesco e da arte de formar letras, inspirando assim o calígrafo, a basear-se nas artes abstratas, nos valores islâmicos e na arquitetura árabe, para concluir seu objetivo com uma estética refinada e singular. Quando talhados, os caracteres conseguem ser moldados na forma desejada de um objeto, uma flor, um monumento ou um animal, comprovando a dimensão de sua riqueza ornamental infinita, e representando assim o corpo a alma e os sentimentos de sua arte.

Originada de seis estilos básicos, que derivam outros 350 estilos, a caligrafia árabe transforma o cálamo (instrumento usado na caligrafia) num instrumento mágico de arte e beleza, na mão de um calígrafo. Os seis estilos básicos da caligrafia são: o Thuluth, o Riq’ai, o Taliq, o Dwani, o Kufi e o Naskh.

Thuluth: Primeira escrita surgida no século VII, durante o califado omíada, ela foi muito usada em inscrições caligráficas, títulos e cabeçalhos, e é a mais importante de todas as escritas ornamentais. Caracteriza-se pelas letras curvas com pequenos traços na parte de cima das letras, podendo ligar ou entrecortar as letras produzindo uma letra cursiva de grandes e complexas proporções.

Riq’ai: Esse estilo evoluiu das letras Thuluth e Naskh, mas com uma direção mais simplificada, onde as formas geométricas são menores e mais curvas, tornando-a mais arredondada e densa, com pequenos traços horizontais. Era a escrita favorita dos otomanos, passou por várias modificações nas mãos do Sheik Hamdullah al-Amasi, sendo mais tarde revisada por outros calígrafos, que a transformaram na escrita mais popular e usada na caligrafia do mundo árabe.

Taliq: Surgida no século IX, e também conhecida como escrita farsi, a escrita taliq foi muito usada pelos persas que a criaram a partir da escrita árabe firamuz. Modesta e cursiva, esta escrita é muito usada atualmente por árabes, hindus e turcos.

Diwani: Muito usada pela Chancelaria Otomana, este estilo é cheio de bonitas curvas, que permitem muita liberdade de criação, podendo representar muitas imagens, objetos, animais, poemas e provérbios, simplesmente através das letras árabes.

Kufi: Surgida no século VIII, no Iraque, nas cidades de Kufa e Basra, em pleno início da era islâmica, a escrita kufi, foi a escrita sagrada dominante no mundo islâmico, com suas medidas específicas, linhas e ângulos quadrados e acentuados, além de linhas horizontais prolongadas, mais largas do que altas, e sem regras, oferecendo assim uma gama de opões na criação de formas ornamentais.

Naskh: Um dos primeiros estilos que evoluiu, após ser redesenhada pelo calígrafo Ibn Muglah, no século X, o naskh ganhou popularidade em virtude de seu estilo característico que acabou sendo transformada numa escrita digna do Alcorão, por sua facilidade na leitura e escrita, resultando em vários exemplares escritos em naskh, mais do que qualquer outro tipo de escrito. O naskh é a escrita máxima para quase todos os islâmicos e árabes do mundo, devido à sua reformulação feita por Ibn al-Bawaab e outros. Sua escrita é normalmente feita com traços pequenos horizontais, e suas curvas cheias e profundas, com espaçamentos nos traços retos, verticais e nas palavras.

O calígrafo, artista plástico e escritor libanês, Moafak Dib Helaihel, nascido em Baalbeck e

radicado em Curitiba há mais de 30 anos, é certamente o mais notório e conceituado calígrafo árabe no Brasil. Formado em História e Geografia pela Universidade de Beirute, com pós-graduação no Centro de Caligrafia Árabe de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, Moafak também ministra cursos de caligrafia. Em seu livro “Caligrafia Árabe”, o primeiro livro em português que aborda instrutivamente a arte da caligrafia árabe, Moafak conta toda a história da escrita árabe, desde o seu surgimento, até os dias atuais.

Para aprender a caligrafia árabe é necessário conhecer previamente o alfabeto árabe, uma das primeiras lições que Moafak ensina em seu curso, para que os alunos se familiarizem com as letras. Os seis estilos básicos da arte da caligrafia árabe, são aprendidos de um ano e meio, a dois anos, e a formação completa, pode ser concluída em cinco anos. O material utilizado no curso é o cálamo, instrumento feito em bambu, e a tinta arábica, uma mistura de pó com água e goma arábica, que pode também ser substituída pelo nanquim, por ser a mais parecida com a tinta arábica.


 
 
 

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